sexta-feira, 30 de novembro de 2007

PRODUÇÃO DE CONTEÚDO INTERATIVO

A TV digital aberta está prevista para ter início no Brasil no próximo dia 2 de dezembro. E no que tudo indica, os profissionais de comunicação estão tão perdidos quanto a população.


Poderemos ter vídeos publicitários interativos, ou seja, junto com o fluxo de vídeo e áudio do comercial de TV, poderá ser transmitido um software contendo um aplicativo, no qual o telespectador poderá obter informações mais detalhadas sobre o produto anunciado e, eventualmente, efetuar a compra deste, com alguns toques no controle remoto.


As pesquisas sobre publicidade na TV digital interativa estão apenas no início. Mas já existem algumas questões que merecem estudos mais aprofundados. Por exemplo, no caso de um comercial interativo com redimensionamento do vídeo, teremos o aplicativo do produto A e alguns minutos depois o vídeo do produto B, aparecendo simultaneamente na tela. E se os produtos A e B forem concorrentes diretos. Essa situação provavelmente desagradaria a ambos anunciantes, o que exigiria uma reorganização das grades de intervalos comerciais e um novo modelo de negócio das emissoras.


Conversamos com alguns publicitários para tentar descobrir quais serão os caminhos da publicidade na TV digital brasileira, mas os destaques destas entrevistas foram: “não sei”, “ é cedo ainda para falar nisso”, “ninguém sabe”, “não está definido”. Ou seja, mais do que respostas, mantivemos nossas dúvidas. A única certeza que podemos ter é que questões como modelo, aplicabilidade e segmentação, só poderão ser pensadas com mais clarezas a medida que erros e acertos forem surgindo e sendo discutidos pela sociedade.


O que podemos apresentar aqui são tendências em que acreditam esses profissionais e das quais, recentemente, alguns poucos pesquisadores fizeram objeto de estudo. Ricardo Benetton, diretor do CPqD (Cento de Pesquisa e Desenvolvimento) analisa em “TV digital como instrumento de inclusão social” (2006. Martins, Ricardo Benetton) fatores que podem dificultar a difusão da TV digital. Segundo a figura a baixo, podemos considerar que as dimensões do Brasil, a desigualdade da distribuição de renda, os números elevados de não usuários de computadores e internet, agregados ao baixo indice de escolaridade da população coontribuem para a consolidadeção destas barreiras: disponibilidade de acesso; inteligibilidade; usabilidade e acessibilidade.



A disponibilidade de acesso depende da capilaridade (lê-se: muitos aparelhos de TV digital instalados – em cerca de 90% dos lares), cobertura de cerca de 100% e do uso eficiente do espectro. Assim, um terço da disponibilidade está associado ao usuário (sua pré-disposição em adquirir o aparelho) e dois terços estão relacionados ao serviço, distribuição e modelo adotado pelas emissoras.


Quanto à usabilidade é interessante perceber que TV digital não é PC, mas considerando as possibilidades de serviços, o controle remoto agregará funções que sofisticarão seu uso. A leitura que a sociedade faz da TV se transformará. Termos como interatividade, navegação e não-linear serão comuns em nosso vocabulário diário. A usabilidade requer adaptação a esses novos modelos e linguagens. Faz-se necessário a diminuição das resistências psicológicas. Precisa ser inteligível para ser acessível. Para tanto, a população precisa ser alfabetizada digitalmente. Isso demonstra uma tendência à segmentação da propaganda interativa.


Considerando esses fatores, podemos deduzir porque os profissionais de publicidade ainda não estão se preparando. Todo esse processo de inclusão digital demandará gastos e tempo. Esperar que o quadro brasileiro em relação à TV digital se defina um pouco mais, a fim de se prepararem na direção correta é uma atitude cautelosa que visa impedir desperdícios financeiros.


Muitos profissionais apontam que com os gravadores a maioria dos usuários irá pular os comerciais, assim não haverá interesse em produzir para TV. Pelo menos, não no modelo de intervalos, com comerciais de 30”.



Confira o que os entrevistados pensam:




Entrevistas com os professores Ney Costa e João Renha










Exemplo de inserção de marca durante um programa

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